Há um elemento comum a quem amamenta: acreditar. Celina substituiu o choque de saber que teria dois filhos pela certeza de que um amor tão grande, como aquele que a une a João, não podia resultar em apenas um. A explicação da natureza pode ser menos românticas mas igualmente bonita: Celina tem uma irmã gémea e foi exactamente o nascimento da sua primeira sobrinha que lhe despertou a vontade de ter filhos.
A notícia de que estava grávida de gémeos foi acompanhada do veredicto de que conseguiria amamentar um ou dois meses no máximo. Celina leu muito sobre outras mães e tinha a certeza que iria amamentar durante muito mais tempo.
E assim foi: Camila e Mafalda mamaram, em exclusivo, durante mais de seis meses. Quase em exclusivo, corrige Celina, recordando que, com 15 dias de vida as bebés não tinham ainda recuperado o peso e a pediatra aconselhou continuar a amamentar mas dar “algum” suplemento. “Dei, apenas durante 15 dias, 30 ml a cada uma duas vezes por dia.” Hoje, Camila e Mafalda têm oito meses e continuam a mamar.
Orgulhosa, Celina afirma que nem as sete mastites a fizeram pensar em desistir. O apoio do pai tem sido fundamental: “Ainda hoje sempre que está em casa gosta de me vir passar uma das bebés para a almofada de amamentação. E acorda sempre, desde que nasceram, para me ajudar a dar mama.”
É um momento de contemplação que Celina quer manter até a natureza se encarregar de dizer que chega. “Seja por mim, seja por elas.”
Celina gosta do momento em que, no silêncio, ouve o respirar ritmado e os sons doces que as suas meninas fazem enquanto mamam, gosta do mimo, da ternura e dos cheiro das suas meninas. Gosta de ficar a observá-las e, enquanto Camila e Mafalda dão as mãos, Celina deseja que sejam as melhores amigas para sempre.
“Sentir que vivem porque foram geradas dentro de mim e que se alimentam de mim.” A natureza é mesmo perfeita.
28 Julho de 2013
Catarina Beato