Quando fiquei grávida do meu primeiro filho, há quase 10 anos, houve questões que nunca me ocorreram. Que tipo de parto teria, se iria amamentar… essas eram, à altura, certezas absolutas. Era evidente que teria um parto natural e claro que iria amamentar. Nem sequer percebia quando me colocavam esse tipo de questões. Mas confesso que hoje percebo o meu grau de desconhecimento, a minha ignorância de mãe de primeira viagem.
A maternidade era para mim, naquela altura, apenas um quadro cor-de-rosa onde tudo é bonito, onde não havia dor, nem subida de leite, nem mastites, nem noites mal dormidas. Era tudo perfeito e harmonioso.
A realidade veio, no entanto, provar-me que as coisas eram diferentes, que raramente as coisas correm como o planeado… o Henrique acabou por nascer de cesariana e a amamentação até se tornar um momento espectacular foi um processo doloroso e pouco agradável.
Aprendi com a gravidez e nascimento do Henrique, que nestas coisas da maternidade, tudo tem o seu tempo, que o que é bom para uma mãe pode não o ser para outra, que o excesso de regras e controlo nem sempre nos faz bem. Ser mãe é o melhor que me aconteceu, mas é também o maior desafio que vivo. Diariamente. Entre momentos de grade felicidade e outros de enorme frustração.
E foi assim, mais tranquila e mais ciente de todas as dificuldades que iria encontrar, que parti para uma segunda gravidez, tantos anos depois, novamente com a esperança de ter um parto natural e com a certeza que iria amamentar, embora agora já soubesse ao que ia. E, uma vez mais a realidade fintou-me: nova cesariana e uma subida de leite que até me deu febre.
Amamentar pode ser um momento único de ligação com o nosso bebé. Hoje, dia em que a Alice completa um mês, dar mama passou a ser agradável, deixei de ter dores, consigo apreciar o momento. Passou a ser algo natural e prático: o meu leite está sempre pronto, não ando carregada com biberões, nem com água quente, nem pozinhos… Mas até aqui chegar pensei muitas vezes se valeria a pena o esforço, a dor, o desconforto… e não condeno quem não aguenta ou, simplesmente, quem não está para isso. Não acredito que o amor de uma mãe por um filho se meça pelas vezes que lhe deu mama, mesmo que a chorar, mesmo que com o peito gretado e o coração apertado. Ser mãe é mais, ser mãe é o fim do eu e o início do nós, é o momento em que percebemos que por eles vamos até ao fim da linha. Com ou sem maminha.
Inês Queiroz
1 de Julho de 2013