A Matilde é uma princesa. Tem 20 meses e uns cabelos ruivos maravilhosos. Escolhe entre “eta ou eta” maminha e aconchega-se com a pequenina mão no decote da mãe. É o momento de ternura que Joana descreve como um “acto único, de conforto, alimentação, beleza e amor”.
Mas se Matilde é uma princesa, a mãe também. E as princesas têm histórias de amor dignas do seu estatuto real. Joana e Jorge conheceram-se nas mesas da escola que partilhavam por imposição alfabética. Tornaram-se os melhores amigos, apaixonaram-se e fizeram promessas de amor eterno na cidade do amor, Paris. Anos mais tarde, Joana ficou grávida. “Sempre soubemos que era uma Matilde e a certeza era tanta que nem escolhemos outro nome”. Joana queria tudo a que tinha direito, “queria os enjoos, queria a azia, o cansaço e queria, acima de tudo, um parto normal”.
Matildinha, como Joana gosta de chamar à sua pequena ruiva, nasceu numa madrugada de Novembro. Quando o médico perguntou se queria puxar a bebé que aí vinha, Joana não pensou duas vezes, esticou os braços e puxou-a para o seu colo. “E acho que ainda não a larguei”.
Joana confessa que o facto de, tanto ela como o pai de Matilde, Jorge, não terem sido amamentados foi determinante na decisão de privilegiar o leite materno. “Amamentar, para mim, não era uma escolha, era um direito do meu bebé”.
Durante a gravidez, Joana imaginava-se sorridente enquanto Matilde mamava serenamente. Matilde nasceu e mamava serenamente, durante horas e horas seguidas. Joana respeitava o “regime livre” indicado pelas enfermeiras mas o sorriso com que tinha sonhado “foi substituído pelas lágrimas, pelo morder dos lábios e os gemidos de dor”.
Mas as dores não eram maiores do que a vontade e Joana procurou ajuda num grupo de apoio à amamentação. “Em poucas semanas o medo transformou-se em confiança e o tal sorriso começou a aparecer e nunca mais se foi embora”.
Catarina Beato
8 de Julho de 2013