Um mini pai com as birras da mãe, é assim que a Mónica descreve o seu filho Zé com 8 meses. Um amor pequenino que nasceu do amor pelo pai Zé. “Lembro-me de olhar para ele e pensar: é o pai dos meus filhos!”
Mónica confessa que o melhor da amamentação é um exercício mental de exclusão de coisas más: a sensação “assustadora e quase claustrofóbica” do bebé depender exclusivamente da mãe, a tortura do sono, a rotina e o cansaço esgotantes, as muitas dores, a muita fome, as excessivas opiniões alheias.
A pergunta que apetece fazer, o pai do Zé já tinha feito: “Mas se te queixas tanto porque não desistes?” Mónica, com um sorriso lindo, explica: “É isso o melhor de amamentar. Sinto que, pela primeira vez na vida, estou a fazer algo de maior. Que custa, que dói, que é chato e obriga a superar-me, a chutar as minhas fraquezas para longe e a pensar além do meu umbigo. Sentir este espírito de sacrifício e de superação tem-nos feito crescer aos dois. É uma coisa altruísta e, ao mesmo tempo, tão egoísta.”
Apesar das dificuldades, amamentar foi sempre a primeira, e única, opção. Mónica lembra-se de estar numa aula de preparação para o parto, a ouvir a enfermeira, e dizer baixinho ao namorado: “Quero tanto amamentar!”.
Depois do nascimento do Zé Manel, a opção de escolha passou a ser dele. “ Se ele não quisesse o meu leite, se não engordasse, se houvesse algum problema com ele, aí sim, teria ponderado outra hipótese.” Mónica confessa mesmo que se tivesse deixado essa decisão para si, teria desistido perante as primeiras dificuldades e a vontade imensa de recuperar alguma liberdade.
Mas a prisão que se sente nas palavras de Mónica, não se sente na sua atitude. Nem na forma como encara os próximos meses. “Gostava de muito de continuar a amamentar até ao primeiro aniversário dele.” E, para facilitar, a decisão continua do lado do mini pai, com birras de mãe. Será o que ele quiser.
Catarina Beato
3 de Julho de 2013