A vida pode ser um caminho. Um caminho simples. Não é um percurso em linha recta, sem percalços, curvas ou inclinações mas é feito de forma leve e, principalmente, feliz. Tânia é assim: leve e feliz.
António é a continuação de um grande amor. Tânia repete muitas vezes “o amor da minha vida”. Aquele que teve a sorte de encontrar e de ele ter sentido exactamente o mesmo. Esse amor, essa compatibilidade dos grandes amores, sente-se.
Tânia recorda as 24 horas de trabalho de parto como “as horas mais deliciosas de sempre”: “estava verdadeiramente emocionada, numa felicidade desmesurada, entusiasmadíssima, mas também calma”. E recorda no plural: “ficámos os dois à espera da continuação do nosso amor, o nosso bebé”.
Mas também recorda o início de um caminho que quis diferente quando, assim que António nasceu, a enfermeira lhe disse que, se o bebé não mamasse nas três horas seguintes, lhe daria suplemento. Tânia já tinha escolhido o caminho: queria amamentar, “respeitar a natureza, aproveitando o que ela me deu, nos dá”.
Este caminho foi sendo construído. Pela memória da mãe que amamentou Tânia e o irmão, mesmo depois da licença de maternidade, por duas amigas e as suas experiências, pela ajuda “inestimável e preciosa” do marido. Os obstáculos (más pegas, mamilos gretados, subidas de leite, noites mal dormidas) foram sendo ultrapassados e as ideias de que existia um prazo para terminar a amamentação foram deixando de fazer sentido. Mesmo que os amigos brinquem com sketche da “Bitty” da série Little Britain em que o rapaz já tem 40 anos e ainda mama.
Tânia descobriu que amamentar é uma vida dentro da vida. Um caminho. Quem brinca, um dia, perceberá também.