Letícia vive em São Paulo. Não se identifica com a cidade mas é o lugar onde mora e quer sentir como casa. “Isso inclui poder amamentar a minha filha onde quer que eu esteja.”
Amamentar é apenas uma parte da forma como Letícia e o marido optaram viver esta coisa de serem pais. Quando Letícia ficou grávida da sua primeira filha, Dora, descobriram um mundo “paralelo”: parto em casa, cama partilhada, amamentação prolongada, muito colo, sling e pano, ser mãe e pai com base num reflexão conjunta sobre o que é melhor para a família, independentemente do que as outras pessoas dizem.
Mas tudo isto, na experiência de um primeiro filho, fez com que Letícia sentisse que estava a ir “contra o mundo”. Sentia-se a repetir, vezes infinitas, que o sling não sufoca, o colo não vicia e que mamar não tem que ter horários. Dora tem hoje 3 anos e 9 meses e, há quase 3 meses, nasceu Mila. Num segundo filho as coisas são diferentes, algumas pessoas já perceberam que este “mundo paralelo” é bom, “afinal de contas deu certo com a Dora”, outras desistiram de discutir.
Letícia sempre estranhou que as mulheres da sua família dissessem que não conseguiam amamentar porque não tinham leite. Estranhou mas não questionou, informou-se muito e desmistificou o tema. Aceitou a amamentação como fisiológica. “Tudo correu muito bem, tenho muito leite, e me apaixonei por amamentar tanto que senti muita falta depois que a Dora parou de mamar (quando tinha 2 anos e 5 meses).”
Em São Paulo, nesta cidade que considera pouco “family-friendly”, Letícia tornou-se a primeira imagem do Loove no Brasil. Aceitou o convite porque se revê no conceito e na ideia do Tiago, para esta sessão, de captar as imagens urbanas desta cidade. “Amamentar é isso, é parte da vida, e se a vida é urbana, então amamentar é urbano também.”
18 de Outubro de 2013
Catarina Beato